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Editorial: Estratégia Regional de Saúde Bucal para a Década de Noventa

Dra. Saskia Estupiñan-Day, Assessora Regional de Saúde Bucal da Organização Panamericana deSaúde
Apesar de não se dispor de dados completos e exatos quepermitam efetuar uma avaliação mais exaustiva, o estado atual da saúde bucal na América Latina e no Caribe se caracteriza por uma elevada incidência de cáries dentais e periodontopatias. Outras afecções que vem adquirindo novos espaços são as manifestações bucais do HIV e da AIDS, assim como o câncer bucofaríngeo. No entanto, estas doenças não estão distribuídas de uma forma uniforme entre a população.

A cárie dental, apesar de predominante em toda a região, adquire maior gravidade nos sub-grupos de baixa renda e pouquíssimo nivel de instrução. Da mesma forma, a maioria dos cânceres da cavidade bucal estão estreitamente relacionados com o consumo do tabaco e do álcool, enquanto que a infecção por HIV está associada a determinadas condutas sexuais ou ao uso de drogas administradas por via intravenosa.

Para mudar este perfil epidemiológico e seus fatores determinantes, os países se utilizaram de uma rede organizada destinada à prestação de serviços curativos de saúde bucal, com a participação do setor público, principalmente através dos Ministérios da Saúde e do setor privado. Não obstante isto, esses serviços públicos de atendimento à saúde buco-dental podem resultar inadequados para atender às necessidades mutantes das comunidades. Em muitos países da América Latina e do Caribe, os serviços públicos de saúde bucal estão mal organizados, dispõem de poucos recursos e não contam com pessoal suficiente. Um atendimento de boa qualidade nas zonas urbanas, somente poderá ser alcançado a custos elevados. Por outro lado, apesar da maior disponibilidade de profissionais na área privada, sua metodologia é mais curativa. Os grupos de maior poder aquisitivo geralmente usufruem de maior acesso aos serviços dentarios privados.

Como as afecções dentais não costumam ser fatais, estas não estão incluídas nas estatísticas de mortalidade e, por isso, também não são levadas em consideração nas políticas nacionais de saúde. Outras doenças podem eclipsar a quantidade de problemas bucais, criando dificuldade no planejamento ou na formulação de políticas para os programas de saúde bucal na Região.

A ajuda para que os países da Região em questão possam mudar esse perfil epidemiológico bucal e as características adversas dos sistemas de atendimento dentário é um dos desafios mais sérios que o Programa Regional de Saúde Bucal da OPAS enfrenta para a década de 90 e para os anos seguintes. Para poder fazer frente a esta situação, de uma forma adequada, o Programa leva em consideração alguns elementos das orientações estratégicas da OPAS para formular os objetivos e estratégias regionais de saúde bucal.

A OPAS oferecerá ajuda aos países da Região para fortalecer sua capacidade de resposta ao desafio da saúde bucal, na medida em que se aproxima o Século XXI. Os objetivos estratégicos da OPAS para respaldar os programas de saúde dental na Região são:

1. Promover a melhoria das condições de saúde bucal nos países das Américas, insistindo naqueles que possuem uma maior incidência de doenças.

2. Ajudar os países a desenvolver serviços de saúde bucal, acessíveis, eficazes e sustentáveis.

As estratégias para atingir estes objetivos incluem:

1. Promoção de programas nacionais preventivos de saúde bucal, destinados a reduzir a incidência de cáries e periodontopatias.

2. Fortalecer a integração sustentável dos serviços de saúde bucal aos sistemas locais de saúde (SILOS)

3. Sugerir a formação de recursos humanos preparados para atender as necessidades e novas direções dos programas de saúde bucal na Região.

4. Apoiar a formulação de políticas sobre educação, assim como os programas de comunicação orientados à melhoria do processo decisório e conscientizar a população sobre as cáreis, as periodontopatías, o HIV e as doenças bucais a ele relacionadas, o câncer da cavidade bucal e práticas preventivas; e

5. Desenhar um sistema regional de informação sobre saúde bucal.

A estratégia de saúde bucal da OPAS para os anos noventa, consiste em fazer que os países passem de uma etapa caracterizada por indicadores de segundo nível do estado de saúde bucal e por políticas públicas de saúde bucal pouco enérgicas e deficientes, para outra, na qual predominem índices mais otimistas e políticas públicas preventivas. A estratégia se baseia num modelo de desenvolvimento de saúde bucal dentro do qual se classificam os países da América Latina e do Caribe utilizando o nível mais recentemente divulgado do índice de CPOD (número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) aos 12 anos de idade, e as políticas nacionais vigentes, para promover o uso da água ou sal fluorados como medida preventiva. Este modelo distribui os países da América Latina e do Caribe em três categorias de desenvolvimento de saúde bucal: incipiente, em crescimento, e de consolidação. A estratégia tem como objetivo respaldar os países que estão na categoria incipiente para que formulem programas e atividades destinados a melhorar o estado geral da saúde bucal. Agindo desta forma, os países passarão primeiro para a categoria denominada de crescimento e, com o passar do tempo, para a de consolidação. Esperamos que para o fim desta década todos os países da América Latina e do Caribe tenham atingido a meta declarada pela OMS do índice 3 de CPOD aos 12 anos, até o ano 2000.

Neste contexto, a OPAS traçará normas estratégicas gerais para que os países as considerem durante os anos noventa e os seguintes, tomando como referência as orientações estratégicas e prioridades programáticas da Organização.
O objetivo da Estratégia Regional de Saúde Bucal é assegurar que os recursos da OPAS sejam empregados da forma mais eficiente possível para a melhoria da saúde bucal dos povos das Américas.

Endereço para correspondência:

Organização Panamericana de Saúde
525 Twenty Third Street,
N. W. Washington DC - 20037-5895 - U. S. A.
Tel.: (001) (202) 861-2648
Fax: (001) (202) 861-8494


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